Capital Inicial

Nos anos 80, Brasília fervilhava: jovens músicos – inspirados por bandas gringas como The Smiths, Ramones e The Clash, pelo pós-punk e pelo clima pessimista da crise econômica – se reuniam para fazer músicas melancólicas e politizadas. Nesse balaio nasceram bandas como Legião Urbana, Plebe Rude e Aborto Elétrico. A história do Aborto Elétrico se confunde com a de outros grupos da época. A banda surgiu em 1978, formada pelos irmãos Fê e Flávio Lemos (bateria e baixo), Renato Russo (vocais) e André Pretorius (guitarra). Em 1982, Renato deixa o quarteto para iniciar sua trajetória na Legião Urbana e em seu lugar entra o vocalista Dinho Ouro Preto. O grupo recebe, então, o nome de Capital Inicial e segue, ainda hoje, como uma das mais longevas e bem-sucedidas bandas do rock brasileiro. Já em 1983, eles saem em turnê. Três anos depois é lançado Capital Inicial, álbum de estreia que conta com os sucessos do Aborto Elétrico “Veraneio Vascaína” e “Fátima”. No ano seguinte, o Capital Inicial lança Independência, já com o tecladista Bozzo Barretti, e emplaca os hits “Independência” e “Prova”. O enorme sucesso levou a banda a abrir os shows de Sting no Brasil naquele mesmo ano. O ano de 1991 traz um dos maiores álbuns da história da banda: Eletricidade estourou com os hits “O Passageiro”, versão de “The Passenger”, de Iggy Pop, “Cai a Noite” e “Todas As Noites”. No ano seguinte, Barretti deixa a banda e, em 1993, Dinho parte em carreira solo e Murilo Lima assume os vocais por quase cinco anos. Em 1998, a banda volta com a formação original e, dois anos depois, lança o Acústico MTV - Capital Inicial (Ao Vivo), marcando uma nova fase e atraindo um público mais jovem. Em 2001, ainda na turnê do álbum, o Capital faz um histórico show para mais de 200 mil pessoas no Rock in Rio. Loro Jones deixa o grupo em 2002, dando lugar ao guitarrista Yves Passarell. Mesmo com tantas idas e vindas e substituições, a banda brasiliense seguiu fazendo shows por todo o país e produzindo em ritmo intenso, dando vida a álbuns como Saturno (2012) e Sonora (2018). Com um fôlego que se sustenta por décadas, o Capital Inicial soube resistir às adversidades e aos sinais do tempo sem abandonar o espírito revolucionário roqueiro da juventude oitentista de Brasília.