NEKTAR

NEKTAR

Néktar (2023) derrama diferentes nuances da essência criativa de Ava Rocha. “É um álbum molhado: tem choro, tempestade, chuva e rio. Mas ao mesmo tempo tem mel, é doce e pop”, revela a cantora e compositora ao Apple Music. Produzido por Thiago Nassif e Jonas Sá, o álbum tem participação de Negro Léo, músico e companheiro de Rocha, e da artista paulistana Iara Rennó. Antes e durante a pandemia da Covid-19, Rocha compôs samba, reggaeton e baladas poéticas que contrastam sintetizadores e produção eletrônica com cuíca e violinos. “Este álbum revela outros aspectos da minha personalidade e do meu universo artístico. São as minhas raízes mais profundas. É uma conexão com a minha história musical e cultural”, explica Rocha, que também é cineasta, performer, poeta e artista visual. A seguir, a artista carioca, filha dos diretores Glauber Rocha e Paula Gaitán, apresenta um guia faixa a faixa de Néktar: Baby, É Tudo Um Sonho “É um mergulho em um ambiente onírico. É deliciosa de ser cantada, com um espaço interessante para a tonalidade da minha voz. É a única música do álbum que não é minha. A composição é do Negro Léo, que é um dos grandes compositores da nossa geração. Ele navega de forma muito profunda entre a experimentação total e o cancioneiro popular, sempre com sofisticação elevada e extremamente autêntico. É muito bom tê-lo no álbum.” Disfarce “A composição é minha, do Negro Léo e do Saulo Duarte. Eles estavam criando uma música, ainda sem a letra, e eu estava observando-os enquanto cozinhava. Aí eu entrei na sala e comecei a cantar. Nos divertimos muito. Pintou de uma forma muito natural.” Longe de Mim “É uma parceria com o Thiago Nassif. Eu a escrevi em um voo de São Paulo para o Rio, indo para o estúdio de gravação. Estou sempre escrevendo – coisas profundas e rasas, ruins e boas. Vou rimando na minha cabeça. Já no estúdio, entre uma gravação e outra, pedi ao Nassif que tocasse um samba para eu cantar esta letra. Em seguida já decidi que a música deveria entrar no álbum.” Lua Absurda “Fiz há muito tempo, antes da pandemia. Também fez parte do meu exercício poético de investigação sonora e melódica. É uma das mais de 200 músicas que eu tenho guardadas. Lembro que amei na época que fiz. Ela só estava esperando uma oportunidade para ser gravada.” Néktar “É uma parceria com o Jonas Sá. Eu sentia falta de ter uma letra em espanhol, para experimentar uma verve pop e latino-americana [a cantora cresceu entre o Brasil e a Colômbia]. No processo de invenção da música, as palavras foram surgindo enquanto a gente tocava, até aparecer o verso: ‘Néktar es mi nombre’. A partir disso, decidi que esse seria o nome do álbum. Foi a música que derramou um grande mel sobre tudo.” On/Off “Eu queria abordar a temática das relações contemporâneas na internet. Então criei uma brincadeira meio sarcástica, de uma forma leve e pop. E acho que, ao mesmo tempo, interessante. Na época estava ouvindo bastante a [cantora norte-americana de ascendência colombiana] Kali Uchis e tinha vontade de experimentar algo meio reggaeton. Sou influenciada por uma banda colombiana chamada Meridian Brothers e queria entrar nessa onda também.” Seringueira da Veia “Foi composta durante a pandemia. Eu fiz de uma vez só, com [o sintetizador] electribe. Eu estava gravando a trilha sonora de lunar (2020), que eu fiz com o meu irmão Pedro Paulo Rocha a convite da Biblioteca Mário de Andrade [em São Paulo]. Gravei boa parte sozinha em casa e todo o meu registro acabou entrando no álbum: vocais, electribe, as flautas e um pouco de percussão. É algo que eu não costumo fazer, pois não sou instrumentista, mas decidi experimentar. E depois, em estúdio, entraram a percussão do Claudio Brito e os efeitos do Jonas Sá e do Thiago Nassiff.” Asas de Aluguel “Foi um poema que escrevi logo no começo da pandemia, no dia do meu aniversário. Expressa um desejo de transformação, de sonho e de busca pela luz. É a temática que permeia todo o álbum. Eu estava trancada na minha casa, então usei o poder da minha imaginação. Tudo começa dentro da nossa cabeça, né? Então ‘Asas de Aluguel’ tem essa força. E é a alma de Néktar.” Barco Nos Pés “Foi feita em uma madrugada, na cozinha da casa da minha mãe. Cantei à capela. Depois enviei para a Iara Rennó e pedi para ela harmonizar, corrigir arestas e ligar pontos. E ela acabou se tornando parceira da música. Rennó é uma grande compositora e me influenciou muito musicalmente. É uma presença boa e forte no álbum.” Coração Envenenado “Foi composta antes da pandemia, em casa. Fui tocando acordes aleatórios e cantando em cima. Surgiu assim, quase inteira, de forma espontânea. Somente o refrão que precisou de um pouco mais de tempo para se aprimorar.” Beijando Todos Vocês “Desde que nasceu minha filha, Uma, eu canto para ela dormir. Então há dez anos faço isso. E nesses cantos eu já fiz muitas composições, que acabei levando para o palco depois. Esse processo me ajuda a entrar em zonas de experimentações profundas, tanto da minha voz quanto da minha composição. E surgiu assim. Ela se deitou e eu comecei a cantar: ‘Devagar, não quero chegar.’ E segui cantando até entrar na sala de casa. Na mesma hora, Negro Léo pegou o violão e já fez uma harmonia. ‘Beijando Todos Vocês’ nasceu com a intenção de trazer uma esperança durante a pandemia. É como quem diz: ‘Já que não podemos sair de casa, vamos sair por aí plantando planetas e comendo cometas’. É sobre atravessar as energias negativas e correr para a luz.”

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