Para blackbear, os objetivos de everything means nothing, seu quinto álbum, são claros. “Eu realmente quero que seja o álbum mais vendido”, diz o rapper de 29 anos ao Apple Music. “Se eu tiver um mais vendido, que seja esse. Se eu ganhar um GRAMMY, quero que seja por esse álbum. De certa maneira, é o trabalho da minha vida. Mostra minha versatilidade como artista”. Após ANONYMOUS, Matthew Tyler Musto estava determinado a fazer um álbum mais equilibrado e otimista, um conjunto de faixas pop com toques alternativos que faria as pessoas dançarem mesmo nos momentos mais difíceis. Para conseguir isso, ele e o coprodutor Andrew Goldstein focaram no tempo e na organicidade: as baterias foram gravadas ao vivo, os estalares de dedo e as palmas são reais e o BPMs foram acelerados. “Nenhum artista deveria sentir essas coisas”, admite ele ao falar sobre o desejo de sucesso comercial. “Ao mesmo tempo, essa é minha carreira. É como pago minhas contas e como vou colocar meu filho na universidade. Queria fazer um álbum menos sobre mim e mais sobre os fãs. Queria que eles se sentissem bem, queria fazer algo melhor. Pensei: ‘Sabe de uma coisa, vou garantir de que não tenha uma nota ruim neste álbum’.” Aqui, blackbear nos conduz por essa ambição pessoal, faixa a faixa. hot girl bummer “É uma sátira, obviamente. O lance todo é um ‘vá se ferrar’. Talvez não seja um ‘você vai se ferrar’, mas um ‘vá se ferrar’ para a situação em si. A ideia aqui é que estou no canto de uma casa noturna em Hollywood, e esse tipo de coisa é meio derrota para mim. Eu particularmente não bebo. Estou tomando meu Red Bull, então é ainda mais chato. É para isso que o ‘vá se ferrar’ é dito. Apenas um olhar engraçado sobre como é sair à noite hoje em dia e estar entre pessoas de 20 anos.” me & ur ghost “Sinto que é basicamente uma música sobre perder alguém e ficar preso às suas lembranças. Ainda encontro roupas da minha ex no armário e coisas do tipo. É uma parada fantasmagórica estranha. É como olhar no retrovisor e ter uma sensação de nostalgia. Sei que essa palavra está na moda agora. O tipo de sentimento que você tem quando passa por um carro do mesmo modelo do da sua ex-namorada. Você acha que é ela e dá um frio no estômago. Você não quer vê-la, dizer ‘desculpa’ ou até mesmo falar com ela. Mas meio que sente essa nostalgia.” queen of broken hearts “Acho que as redes sociais magoam muito, de certa maneira. Ficamos tão focados nos nossos perfis, onde estamos, o que nossos amigos estão fazendo e no medo de estar perdendo algo. Sinto que o meu coração se machuca todos os dias. Quando vejo um amigo em Cabo, penso: ‘Bem, nós estamos levando a quarentena a sério. Queria estar em Cabo agora’. Todo os dias, checo meu celular e vou para o Instagram antes mesmo de mandar uma mensagem para minha mãe. Tipo, ‘onde está meu coração exatamente?’ Fiz ‘hot girl bummer’, ‘me & ur ghost’ e ‘queen of broken hearts’ em três dias, então acho que tinha muita coisa para dizer sobre como eu estava me sentindo naquela semana. Talvez eu estivesse obcecado por uma ex ou algo assim. Não sei o que estava rolando, mas foi provavelmente isso o que aconteceu.” i feel bad “Me sinto mal. Luto contra essa condição chamada pancreatite necrosante e preciso fazer cirurgias a cada dois meses, porque tenho esse estrangulamento no intestino. Preciso substituir tubos e todas essas coisas no meu corpo. Tem remédios que preciso tomar e eles não me deixam muito bem, arruinam qualquer criatividade. Tenho dores crônicas o tempo inteiro. Se estou com dor, isso estraga meu dia. Mas não tem o que fazer. Me sinto mal sobre estar mal. Sinto mal por nem ao menos me sentir bem, entende?” i feel 2 much “As faixas ‘i feel bad’, ‘i feel 2 much’ e ‘i felt that’ foram feitas em sequência, no espaço de uma semana. Acho que estava me sentindo meio emo naqueles dias e só queria fazer uma música à moda antiga como ‘Idfc’ (de 2015). ‘i feel 2 much’ foi a oportunidade de fazer uma balada no meu estilo novamente e ela me faz voltar ao tema de não me sentir bem, sentir demais e não querer sentir nada. Pancreatite é como uma montanha-russa: há semanas que faço faixas na vibração ‘cadê minhas gatas?’. Em outras, escrevo várias ‘Idfc’ em sequência. Você pode sacar isso pela minha conta no Twitter. Um em cada dez posts é engraçado, enquanto o resto é simplesmente triste.” i felt that “Essa é a consequência das duas faixas anteriores. Estilisticamente, ela vem em terceiro porque vou dançar para superar a dor e vou chorar no ‘vá se ferrar’. Quero que as pessoas apenas sorriam enquanto superam a dor.” sobbing in cabo “Michele, minha namorada atual e mãe do meu filho, me ligou chorando do México. Ela estava ainda no relacionamento anterior e falou: ‘Estou tão triste e você me faz feliz. Quero conversar com você e não ligar para o meu namorado neste momento’. Ela estava chorando em Cabo e eu disse: ‘Sabe de uma coisa? Vou fazer uma música para você’. É uma das minhas poucas músicas que contam uma história real. Mas é a minha favorita do álbum, talvez por me fazer lembrar de uma música que cresci ouvindo. É como se a melodia estivesse em algum lugar entre Saves The Day, New Found Glory e Pitbull. Tem partes que são crunk e há outros momentos que são completamente emo. É como eu sou como pessoa, então amo essa música. Acho que ela amou. Se não gostou, ela mente o tempo todo para mim, dizendo ‘Ficou legal, amor’.” clown “Sabe quando você fica entediado num encontro e sorri ou finge felicidade para não deixar a outra pessoa se sentir mal? É uma cultura bem boba, as máscaras que as pessoas colocam. Me pego fazendo isso. O refrão foi escrito por Andrew. Escrevi os versos e ajudei Trevor (Daniel) a compor sua parte. Foi sensacional trabalhar com ele: senti que era a energia certa para a faixa e a voz dele se encaixou perfeitamente nela.” half alive “É basicamente ‘me & ur ghost’ com crack. É uma música nostálgica. Tipo, ‘vou para esses lugares onde costumávamos ir juntos’. Desta vez, queria fazer uma parceria com o Marshmello. Toquei o baixo e ele falou: ‘Mano, é isso. Esse vai ser o refrão’. Não era a ideia original. O baixo, a base do baixo funkeada, estava apenas nos versos. Mas Marshmello colocou aí e fizemos uma música dance bem cool. Ele traz uma vibração jovem e bacana para qualquer situação. Quando você escuta ‘Come & Go’, de Juice WRLD, sente como se tivesse 17 anos de novo.” if i were u “Eu nem sei do que se trata essa música. É como um devaneio em forma de gravação. E foi muito difícil para mim compô-la, porque ela é confusa. É uma faixa tranquila, fácil de ouvir, e quando você a escuta parece algo que não foi pensado. Mas ela exigiu muito do meu poder mental. Lauv trouxe a frase mais conhecida da letra: ‘Você voltou para o seu ex, e eu odeio isso pra kct’. Durante duas semanas depois da gravação, quando o entregador de comida errava um pedido meu eu falava: ‘Eu odeio isso para kct.’ E continuava a cantar. Essa frase rendeu um mês de piadas para mim, meus amigos e minha família.” why are girls? “Vejo coisas nas redes sociais, principalmente no Twitter, em que as pessoas colocam a foto de uma garota e logo aparece o: ‘Por que mulheres são tão gostosas?’. Vi essa moda rolar por um tempo e é verdade. É, tipo, ‘Por que as mulheres são tão melhores que os homens? Por que foram feitas tão perfeitamente?’. E acho que mulheres e homens concordam que elas são assim, sabe? Posso soar como um bobalhão, mas as mulheres são seres humanos evoluídos. Apenas deixo as garotas entrarem e pegarem tudo o que quiserem de mim, emocional e fisicamente. É só sobre isso, uma música fácil.” smile again “Queria uma faixa mais lenta para terminar o álbum e a gente não tinha uma. Finalmente, recebi essa ideia de refrão do meu amigo Joe Kirkland, que escreveu um bocado de músicas para Dua Lipa, Nick Jonas e Dixie D'Amelio. Ele é um ótimo compositor e teve essa ideia para ‘smile again’, quando ela nem era chamada assim ainda. Era uma letra sobre um fim de relacionamento pelo qual ele estava passando e era bem depressiva. Eu pensei: ‘Sabe de uma coisa? Ela pode ser uma faixa animada sobre perda e luto, sobre perder alguém e perder um tempo da vida’. Penso em músicas como ‘Good Riddance (Time of Your Life)’, do Green Day, que é uma faixa acústica poderosa e que significa dez coisas diferentes para dez pessoas diferentes. Essa música foi assim para mim. Tirei ela de coisas do ano passado, quando vi muitos amigos morrerem de suicídio, drogas ou coisas do tipo. Então, ela é especial para mim. É o bom capítulo final de um livro, a cereja no bolo que é essa montanha-russa emocional em forma de álbum.”