Abre Alas

Abre Alas

Ferrugem apresenta Abre Alas, um projeto audiovisual, o primeiro da sua carreira. “Esse trabalho traz um grande diferencial para o público que me conheceu em Prazer, Eu Sou Ferrugem, porque ele se comunica com o meu álbum, Climatizar”, conta o cantor em conversa com o Apple Music. “Eu queria resgatar essa essência pagodeira, com as músicas apresentando as características do pagode.” Nascido Jheison Failde de Souza, Ferrugem procura nesta nova fase uma chance de retornar às suas origens, algo que o próprio artista sentiu que acabou perdendo com o passar dos anos. “O último álbum que fiz, Chão de Estrelas, misturou muitas sonoridades e não deixou o pagode em primeiro plano”, explica o cantor, ao justificar o desejo que sentiu de resgatar o ritmo em seu novo trabalho e em sua própria vida. “Eu precisava sentir o Ferrugem novamente, fazendo pagode do jeito que ele deve ser feito. E o público também sentia falta disso, todo mundo queria um álbum com um pagodão de novo.” Ao lado de seu sócio e produtor Lincoln de Lima, Ferrugem trouxe de volta a essência de sua música e lança um álbum com 14 faixas, pelas quais revela nutrir um grande carinho, além de afirmar não ter uma predileta. No entanto, o processo de escolha do repertório não foi tão fácil e envolveu “gritaria, palavrões e discussão”. “Somos em dois para fechar as músicas, o Lincoln e eu. A gente se tranca no estúdio e o pau quebra, mas tudo em prol do trabalho, somos muito preocupados”, revela. “A escolha de repertório é 90% do sucesso. As músicas, se forem boas de verdade, falam por si só, não precisam de muitos arranjos. E a gente ainda vai atrás de grandes músicos para deixar tudo 100%”. Assim, Ferrugem se diz bastante orgulhoso do novo álbum e até mesmo confessa ter quebrado a tradição de não ouvir os próprios trabalhos: “É um álbum que escuto em casa e se tornou o meu ‘álbum de cabeceira’”. Abaixo, Ferrugem comenta todas as 14 faixas de Abre Alas. “Abre alas” “Tocamos ‘Abre alas’ sempre nos ensaios com a minha banda, há mais de dez anos. A gente sempre tocou inclusive várias músicas do repertório com Ivan Lins, de quem a gente é muito fã. Mas essa música sempre teve algo diferente. Ela tinha uma conexão com o pagode, porque, por ela ser uma bossa nova, foi mais simples trazer para o pagode. A gente sempre quis gravá-la, mas nunca achava espaço para encaixar uma música tão séria. Devido ao amadurecimento pessoal e profissional, eu achei que poderia ter uma faixa com esse peso no meu repertório. O impacto foi tão forte com o resultado que acordamos e não tinha como não colocar ‘Abre Alas’ também como título do álbum, que é uma coisa que está chegando: abre alas que eu vou passar! Uma expressão bem brasileira, que traz essa brasilidade presente no samba, no pagode, o audiovisual também se comunica dessa maneira, falando do Brasil. O conteúdo de vídeo também traz essa sensação, e não tem ninguém no mundo que as pessoas respeitem mais fora do país que o Ivan Lins. Eu, que sou um cara que ama o meu país, quis dar esse presente para mim e quis homenagear o Ivan em vida! Ele é um grande artista, muito importante para mim, na minha carreira. Eu quis agradar todo mundo com ela, e consegui”. “Tristinha” “Ela é de autoria do Lincoln de Lima e do Diego Jorge. O Lincoln me mostrou essa música na van, quando estávamos indo para um show no interior de São Paulo, ele puxou o cavaquinho e tocou, emocionando todo mundo que estava lá, não só pela história da música, que já foi contada muitas vezes, mas a maneira de contar é o que traz o diferencial. E o Lincoln trouxe essa letra de maneira singela, de fácil entendimento. Me tocou de primeira. Foi a primeira faixa que escolhemos para o repertório, a primeira que a gente trabalhou. ‘Tristinha’ traz aquela coisa de me levar de volta para 2015, aquela coisa do pagode. Ela chega aos ouvidos de todos, da criança ao idoso”. “Casa do amor” “‘Casa do amor’ é de autoria do Rafinha RSQ, um artista completo que tem um monte de hit tocando nas rádios, que ainda não tinha acertado um pagode na veia, e é meu amigo há muitos anos. E aí ele foi à casa do Jorge Vercillo, que é um grande ídolo que dispensa comentários; Jorge é o Jorge e ponto. Então eles fizeram uma música para me dar de presente. Chegaram lá e fizeram essa música, ‘Casa do Amor’, e eu fiquei extremamente emocionado. Foi uma situação na qual fui presenteado diversas vezes com a mesma coisa: ganhei uma música do Rafinha, que é meu irmão, com o Jorge Vercillo, e é maravilhosa. Mais uma faixa que deixa o álbum ainda mais importante”. “Grita que me ama” “Esta é um pagodão! Música de percursionista, a galera que gosta de batucar, que gosta de um sambão, vai ouvir e se identificar. Ela também é do Lincoln, e ele conseguiu falar de um assunto que deixa a gente em cima de uma linha muito tênue, que é falar de um casal na cama, de sexo e tudo mais. Falar disso e não pegar pesado é complicado, e ele conseguiu fazer uma música muito sutil, que tem o peso da coisa de falar do casal na hora H, mas tem a leveza na linguagem, e ele conseguiu manter o equilíbrio nessa questão. No fim, a faixa ficou bem leve e gostosa de ouvir, mais uma música para ser ouvida em família tranquilamente”. “Tão ausente” “Mais uma música do Lincoln. O engraçado é que ela existe há muito tempo. Só de amizade, o Lincoln e eu temos mais de 15 anos, e eu conheço essa música há, pelo menos, uns dez, com certeza. A gente sempre falou de gravar essa música. Na verdade, ele falava, eu não queria porque não gostava. E aí, amadurecendo e entendo as coisas, até que chegou à escolha de repertório e eu mesmo lembrei dela. Falei: ‘Vamos gravar?’ e ele até perguntou se eu tinha certeza. Então mais uma vez a galera se empenhou nos acordes e arranjos e ficou maravilhoso. Uma música linda, que eu amei cantar. Ela me tocou demais, saber que ela estava ali tão perto, na nossa manga, e a gente não tinha gravado ainda. Ela é grata dessa maneira e nos deu esse desempenho 100%”. “Danos causados” “Esta é uma música maravilhosa, mais uma das canções que estavam há um tempo passando pela minha mão, desde Chão de Estrelas, e a gente acabou não gravando, mas eu não sei te dizer nem o porquê de eu não ter gravado, porque ela é muito linda. Mas no final de tudo, a gente fica sem entender os planos de Deus, parece que ele preparou o melhor repertório para este álbum. Não era o momento ainda. Ela é uma música maravilhosa que conta a história do cara que pede para ficar, implora o amor de sua amada. Ela também tem uma parte bem emocional, uma letra romântica, com uma melodia triste. Preparem os corações! Quem estiver sofrendo vai se acabar com essa música”. “150% loka” “Mais uma música do Rafinha, que chegou bem no início da escolha do repertório, uma música bem para o verão – estamos nos preparando para soltá-la durante o verão. E é aquela coisa que tem uma linguagem diferenciada, até porque o Rafinha vem de outros segmentos, então ela tem uma pegada mais pop. Ele fez esta faixa com o André Nine, um beat maker, amigo meu de São Paulo, que acabou embarcando nessa com o Rafinha. Eles me mandaram a música no formato rap, com uma batida de trap, e entendi que ela poderia sim se encaixar no pagode. E vou mandar em primeira mão: tem mais uma versão dessa música, com uma participação muito especial, de um cara que vai impactar legal a galera”. “Tapete vermelho” “’Tapete vermelho’ é do André Renato, um cara que dispensa apresentações: um cara que faz de fato o maior sucesso da minha carreira, ‘Pirata e Tesouro’, então eu faço muita questão de tê-lo no meu álbum e ele sempre tem algo de bom para oferecer, como uma música bonita, e ‘Tapete vermelho’ é uma faixa linda, muito interessante, em que o homem enaltece a mulher que está com ele, o amor da vida dele, a mulher que mudou a vida dele. E eu vivo essa realidade, tenho uma mulher maravilhosa, sou feliz, sou bem casado, mudou a minha vida completamente: hoje eu sou uma pessoa melhor por estar com ela. Então resolvi gravar essa faixa também para expressar a minha gratidão, não só a que eu sinto pela minha esposa, mas a que todo homem deveria sentir pela mulher, porque este mundo, sem as mulheres, estaria perdido”. “Eu não sou de me entregar” “Música maravilhosa também, do meu irmão Bruno Gabriel, outro grande compositor que fez a minha carreira ser muito melhor, até porque ele me mandou também uma das melhores canções vistas pelo público, que é ‘Sinto Sua Falta’ – onde eu chego com ela, a galera não canta, grita. E eu enxerguei esse potencial em ‘Eu não sou de me entregar’, um grande lado emocional, daquele que eu gosto, para mexer com o coração da galera. Vai emocionar muita gente”. “Oh nosso amor aí” “Essa tem uma história muito legal, porque antes de isso tudo acontecer na minha vida, de o Brasil conhecer o trabalho do Ferrugem, eu trabalhava com o Claudemir, dono de diversos sucessos. Quando eu trabalhava com ele, ele compunha as músicas, ia para o estúdio, e eu cantava essas faixas para ele, como voz-guia. Em 2010, eu gravei essa música e lembrava muito bem dela. Em 2020, quando eu recebi essa música, percebi que era eu quem tinha gravado e me emocionou muito voltar a essa história toda. Me trouxe mais uma vez a confirmação de que eu precisava retornar às minhas origens, ao pagodão. Tenho certeza de que a galera vai entender o conceito que eu quis colocar neste álbum, principalmente por meio desta música”. “Perdi o chão ganhei o céu” “Pancada! Vai remeter a galera que conhece mesmo pagode à época dourada do samba, nos anos 1990, início dos 2000. A construção de música e melodia lembra muito essa época do pagode, do Grupo Sensação, Soweto, Katinguelê. E quando eu ouvi, fiquei maluco com a música, é um pagode de verdade, muito bom mesmo, não tinha como não gravar. Faixa do Braga e do Prateado, dispensam apresentações, me mandaram esse som e eu gravei de primeira. Pesado demais”. “Pra não doer” “’Pra não doer’ é a única regravação. Ouvi no álbum do Lucas Morato, filho do Péricles, um cara que canta demais, compõe muito bem. Eu ouvi essa música em 2012, era apaixonado por ela há muito tempo, e surgiu a oportunidade de gravar, o Lucas também adorou, é uma coisa que é bem curiosa, porque ele interpretou tão bem que ficaria difícil fazer à altura, então coloquei bastante coisa da interpretação dele na minha versão. Sou muito fã dele, quis cantar bem parecido com a versão dele”. “Sem pressionar” “Mais uma daquelas que nos remete à época dourada do samba, do Braga e do Prateado, com um refrão muito valente, muito forte. Eu bati o pé para que ela pudesse fazer parte do álbum. O Braga também ficou muito feliz por ela ter entrado, e espero que eu possa somar à carreira dele de compositor tendo gravado esta música”. “Sem drama” “Não que eu tenha uma favorita, mas sempre tem aquela que te pega de um jeito diferente. É uma música linda, muito forte emocionalmente. O cara está ali, implorando para a mulher entender que ela tem que ficar ao lado dele, e ela lamenta o sofrimento, no mais extremo da palavra. A música me toca de tal maneira que, toda vez que eu canto, fico de voz embargada, colocando a minha emoção para fora, porque é isso que esta faixa me obriga a fazer.”

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